O cão chega à porta do quarto onde escrevo
Hesita….e avança por entre as patas…
Fita-me.
Fitamo-nos.
Os olhos dele,
Grandes e brilhantes,
Guardam em si um segredo.
Será só um cão?
Possuidor somente de instinto?
Só sei que os olhos me encaram.
Olhos… vá, de ressaca.
Talvez, por eu estar entre livros, é que os olhos do meu cão
Sejam motivo de um poema.
Olhos nos olhos…
Quase com terror?
Não diria terror, só surpresa.
Duas criaturas incomunicáveis e solitárias…
Mas, só com um olhar,
A cumplicidade enigmática entre um cão e o seu dono se faz revelar.
***
(É uma referência ao poema O Gato, de Mario Quintana)
Escritora e mestranda na USP em Filosofia, na área de Estética, pesquisando Manet e o feminino. Ama pintar aquarelas, descobrir a magia oculta nas tintas e na prosa do mundo.
Linda homenagem ao Rakan.
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Será que é só instinto? Será que ele nos entende? Só sei que a companhia dele nos faz muito bem!!!
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Ma. Seu futuro sucesso se deve com certeza ao fato de você conseguir aflorar sentimentos nos leitores de seus textos. Se deve ao fato de você conseguir transformar uma situação quase que banal (o fato do seu cão ter entrado no seu quarto enquanto você escrevia) em uma situação majestática (a relação e a comunicação entre animais e seres humanos). Enfim, o que quis dizer com isso foi: Foi um ótimo texto.
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Esse texto, que foi dedicado ao meu chaveiro… hahaahah
Pergunta? Isso realmente aconteceu? Do seu cachorro fazer isso? Ou foi o só paráfrase do poema? E, se aconteceu isso com o seu cachorro, o fato te fez lembrar do poema? Eu sou doida mesmo de te encher de pergunta, né?
Mas ficou legal, eu gostei.
E sempre Machado de Assis, né?
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Sempre quis escrever algo sobre o meu cachorro, pelo carinho que tenho por ele
Então, quando li o poema do Mario Quintana, logo pensei nas várias vezes em que o meu cachorro me olha enquanto escrevo, anda pela casa querendo descobrir o que cada um está fazendo. Troquei o Gato pelo Cão e modifiquei a ideia do poema.
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