Blue Jasmine
Dir. e Roteiro de Woody Allen
Com Cate Blanchett, Alec Baldwin, Sally Hawkins
EUA – 2013
Indicado ao Oscar 2014 nas categorias: Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor roteiro original,
A decisão de se afastar da verdade que a realidade traz à tona e a fragilidade dessa proteção que se constrói em volta de si mesmo é o que define Jasmine, personagem do mais novo filme de Woody Allen, Blue Jasmine. Interpretada por Cate Blanchett, Jasmine era casada com o investidor Hal (Alec Baldwin) e vivia numa vida cheia de riquezas, joias, festas organizadas na sua mansão. Mas tudo desmorona quando é descoberto que o marido aplicava golpes, inclusive na irmã de Jasmine e o cunhado. A mudança brusca de vida, as traições logo tornam Jasmine uma mulher frágil, com sua neurose exposta apesar da postura e roupas elegantes, precisando lidar com o fato de morar com a irmã (Sally Hawkins).
O tom agridoce está mais forte nesse filme de Allen. Sem o romantismo de Vicky Cristina Barcelona ou delicadeza fantástica das cenas de Meia-noite em Paris, Blue Jasmine é uma obra mais contida. A ironia soa um pouco mais dolorosa e crua desta vez, o humor quase sempre presente na linguagem cinematográfica do diretor aqui dá lugar a neurose depreciativa de Jasmine, muito bem posicionada no enredo. Cate Blanchett é a encarnação do descontrole nesse filme, construída com sagacidade e muita cautela, pois o risco poderia ser o de cair num exagero desnecessário ao papel. Cate faz Jasmine ganhar vida, desmontando diante da tela todos os receios da personagem que se escondem por trás das roupas claras.
O que vemos é um filme que aprofunda o drama de Jasmine sem precisar falar ou expor muito. E, principalmente, sem zombar do drama que ela vive. As poucas palavras que a protagonista fala sobre o passado são as que mais revelam sobre a sua fragilidade emocional, ao mesmo tempo em que mostram o quanto o passado é totalmente irrecuperável. Ou até mesmo o quanto os graves acontecimentos do passado esvaziam as palavras doces que Jasmine fala sobre ele, pois os anos se passaram e nada mudou na sua visão sobre o caminho que precisa percorrer. Sendo assim, o filme de Allen alcança a medida certa na sua tentativa de apresentar um enredo bem realista, sem os enfeites aos quais, por vezes, nos rendemos nos roteiros hollywoodianos quando se trata de episódios infelizes.
Marina Franconeti Ver tudo
Escritora e mestranda na USP em Filosofia, na área de Estética, pesquisando Manet e o feminino. Ama pintar aquarelas, descobrir a magia oculta nas tintas e na prosa do mundo.
É que às vezes os enfeites enfeitam, penso. Nada como um brinquinho bonito, assim, às vezes. Adorei a resenha.
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Parabéns pelo blog, e achei massa o post sobre as dedicatórias no literatortura. Sucesso moça.
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muito obrigada!! continue acompanhando o blog, vou divulgar mais resenhas dos filmes do oscar (: é só clicar no botão seguir! beijos!
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A Sally Hawkins está ótima nesse filme! A Cate Blanchett então… A atuação dela está divina. Ela interpreta Jasmine com maestria!
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