Convalescência
Ouça os sinos que clamam –
Repetem a liberdade em um suspiro
E em breve gesto a dor espantam
Qual recriação do corpo doentio!
Após uma vida em breve fastio
O corpo encontrou o descanso
Com as faces enrubescidas
E o movimento o mais manso.
Aos olhos, agora, o mundo se recupera,
Corpo e mundo em comunhão,
A existência se regenera
No caminho que aguarda a mais bela salvação.
Absorve mais a existência em pranto,
Que nas águas se converte no mais santo
Destino do herói sobrevivente,
Do que nas águas mansas
Longe da febre intermitente
Que toma o corpo para si.
Na febre e na dor vi meu corpo ser carne
E este toma vida em total frenesi
Quando exigida a vida que arde
E que a coloca em mundo para deste usufruir.
Corpo se faz existência e gesto
No mais sobrevivente ato confesso
A resistência de uma vida que procura, em gesto,
Não cair e não ruir.
*** Imagem de capa: Evening reading, George Pauli (1884)
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Marina Franconeti Ver tudo
Escritora e mestranda na USP em Filosofia, na área de Estética, pesquisando Manet e o feminino. Ama pintar aquarelas, descobrir a magia oculta nas tintas e na prosa do mundo.